Ethel LEON

FACAMP

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Introdução
Uma iniciativa de ensino e prática de design no Brasil começou a ser redescoberta no último ano. Trata-se do Laboratório de Desenho Industrial instalado na cidade de Florianópolis em 1983 e que durou até 1998 (LEON, 2014), embora esta data seja passível de contestação.

Esse Laboratório foi dirigido, em sua primeira fase (1983-1986), pelo designer e pensador Gui Bonsiepe e, em seguida, pelos designers Eduardo Barroso e Marcelo de Resende. Ele foi instituído no período final da ditadura militar brasileira e reverbera políticas tecnológicas adotadas nos anos 1970 que visavam autonomia tecnológica e apoio a pequenas empresas. Seu modelo de ensino se distanciou daquele adotado nas universidades e entendeu o design como prática integrativa de diversos saberes, organizados em torno de projetos concretos. Talvez aí resida seu grande legado.

É impossível compreender esta iniciativa ímpar sem ter noção das políticas tecnológicas e industriais que a engendraram e que têm sua gênese cerca de 10 anos antes, por volta de 1974. Esse é o período conhecido como anos de chumbo, quando o país vivia sob ditadura militar que recrudescera depois de 1968, ano em que manifestações estudantis e operárias desafiaram o regime. No entanto, esse período também foi considerado de ouro, em função das taxas altíssimas de crescimento da economia, que beneficiaram parte da população - as camadas altas e médias, ligadas à tecnocracia da máquina estatal e das grandes empresas privadas.

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